sábado, 20 de fevereiro de 2016

Lembras-te?

Em momentos achamos que as pessoas com quem partilhamos o presente permanecerão na nossa vida para sempre, mas o tempo passa e corrói tudo aquilo que pensamos e até que sentimos. Fizeste parte da minha viagem e, passam anos sem te ver e o teu fantasma continua a vir-me cumprimentar na minha monótona rotina. Muitas vezes tento levar o meu até ti. Será que o sentes? A tentar perfurar um cantinho do teu pensamento? Gostava que sim... Partilhámos tantos sorrisos que muitas vezes me assusta como é possível a indiferença ter consumido tudo o que o vento levou. Revolta-me sentir este desconsolo porque no final de tudo, quem te afastou fui eu, mesmo que involutariamente. Vi que te perdi de alguma forma, e tu viraste-me a cara quase sorrindo seguindo o teu caminho como se eu fosse nada. Sempre fiel ao meu caos deixei-te ir. E porque continuo eu a escrever sobre ti? Sinto que de alguma forma continuas a fazer parte de mim, e que as nossas almas, metaforicamente ou não, são feitas de alguma magia igual e talvez seja por isso esta minha saudade constante que tenho por ti, que não se acomoda a mim porque não queria cair na realidade que não haverá nada que a apague. Existem dias em que a tua presença ocupa cada espaço do tempo, das músicas que ouço, das imagens da minha mente... Vastos pedaços de recordações voam na minha cabeça... Um dia disseste-me que eu era uma rapariga fora do normal e hoje digo-te que nunca eu conheci alguém igual a ti. Partilhámos muitas vezes as nossas essências pela música e nunca precisamos da típica conversa vazia para preencher o silêncio. Estar contigo sempre foi leve... E a nostalgia dói... Por vezes, dá-me súbitas epifanias de que a vida é demasiado curta para não dizermos aquilo que sentimos, especialmente quando é para dizer o quanto uma pessoa tomou conta do coração e o quanto a sua ausência é sufocante mas, infelizmente, nasci com um orgulho ridiculamente exagerado e o medo de sair para fora dos meus muros ilusórios e receber uma resposta que não seja mútua impede-me de falar todas estas palavras para ti. Hoje, sinto a vida a correr, o tempo passa mais rápido que antigamente e, percebo que isto tudo é nada. A verdade é que não sei se existe vida para além da morte, ou se quando esta viagem chegar ao fim terei novamente a oportunidade de te conhecer... Até lá vou escrevendo tentando arranjar significado para todas estas questões da minha mente. E hoje digo-te um pouco delas porque vivemos algo bonito, ensinaste-me muitas coisas e queria que soubesses que não me esqueço de ti. Apesar de tudo, espero que um dia possamos partilhar todas as histórias em que não estivemos juntos.