quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Percorro este chão gasto e pisado, fluente, com o peso do mundo em mim. Estarei para sempre tão apaixonada pelos meus demónios que não consiga nunca os deixar ir embora? Serão eles já parte de mim? Eles vão me cantando no dia a dia melodias, num tom talvez um pouco masoquista que me deixa adormecida ou anestesiada na vida. Este vazio que não me consola mas que, contrariamente, preenche cada minuto dos meus dias, agora sem cor. Com alguma introspecção admito que toda esta escuridão me fascina, me faz sentir viva e ao mesmo tempo não. Este gigante paradoxo que sou invade-me de interrogações que não me querem deixar dormir... Quero esquecer o mundo por instantes... e todos os que estão nele. Cada dia que passa percebo que cada vez conheço menos as pessoas, que existe toda uma máscara envolvente em cada momento partilhado... Nem eu própria me consigo decifrar, como posso esperar que as pessoas me dêem algo fixo e verdadeiro? É tudo uma questão de oportunidades alheias ao momento. Estive, por momentos, demasiado feliz ou, se calhar, ocupada para voltar a sentir esta turbulência interior, desconsolo dos meus pensamentos, próprio entendimento frustrante, desapego de todos ao meu redor. Será perpétua esta sensação de querer explodir com tudo o que tenho aprisionado dentro dos confins da minha mente? De querer esmagar todos os que mais quero com o peso da minha consciência? Tornei-me num pedaço de alma apática que vê tudo a acontecer mas permaneço parada, congelada. Não sei o que quero, talvez saiba o que preciso. Quero sair. É irónico todas estas palavras de socorro por liberdade e no entanto não sair do mesmo lugar. Este bichinho, monótono ciclo vicioso consome todo o meu espírito. Deparo-me que a minha alma contém um certo apetite para a destruição, dentro deste limbo de escuridão, procuro um vestígio de luz, muitas vezes noutras pessoas senão eu, mas que lá no fundo, bem sei que reside em mim a mais pura e invulgar luz. Procuro-me, e concluo que todos também o fazem. Procura da impossível definição. Devo acrescentar que nos perder pelo caminho é um bem necessário para nos encontrarmos e restituir-mos-nos. Tenho medo de definir sentimentos... Nesta grande montanha-russa da vida procuro o meu yin yang algures baloiçando entre o meu caos.